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Gastronomia regional confere um toque especial às tradicionais refeições de Natal


Durante as festividades de final de ano, em especial o Natal, é tradição reunir amigos e familiares para celebrar a chegada de um novo ano. Esse costume vem de muitos anos e estaria relacionado à última ceia de Jesus Cristo com os 12 apóstolos. Segundo estudos, a tradição da ceia natalina teria origem na Europa de onde se espalhou para o mundo inteiro. A ceia acontece no dia 24 de dezembro, na véspera do dia de Natal. Mas apesar dessa data ganhar a cada ano um apelo mais comercial, em muitas famílias essa tradição ainda é mantida.

Neste dia especial alguns pratos típicos não podem faltar na tradicional ceia. Contudo, em um país tão grande como o Brasil a regionalização da culinária é um ingrediente importante nas ceias natalinas. O estado de Mato Grosso por exemplo, é um “mix” de sabores, com influências da culinária de várias partes do Brasil – de Goiás ao Rio Grande do Sul.

Em Alto Araguaia, região sul de Mato Grosso, esses sabores regionais se misturam e formam combinações únicas, graças à influência principalmente da cultura goiana. E é assim todo o Natal na casa da dona Olindina Rodrigues de Melo, viúva do saudoso Severino Botelho de Melo, figura política muito importante no município. A matriarca da família Melo reúne seus familiares há mais de 20 anos em sua casa, e todos os anos na véspera de Natal a tradição é mantida com o tradicional peru assado, leitoa assada, arroz a grega, panetone, manjar de coco e farofa de passas. Mas o grande diferencial da casa está no almoço do domingo de Natal, onde são preparados outros pratos bastante típicos da nossa região e que não podem faltar nessa reunião familiar. Entre eles está o frango caipira com açafrão, gueroba, arroz com pequi e queijo de cabacinha. Dona Olindina conta que se não tiver esses pratos no almoço todos reclamam. “Tenho muitos familiares que moram fora e por isso adoram o almoço porque esse tipo de comida só encontram aqui, por isso é tradição da família esses pratos", revela Olindina. De acordo com ela, fazer essas receitas requer experiência na cozinha e anos de aprendizado, pois há muitos segredos, desde à escolha dos ingredientes ao modo de preparo. Dona Olindina explica que tudo tem que ser feito com carinho e capricho, o frango precisa estar bem limpo e temperado com sal, alho, pimenta bode e coentro. A gueroba – um tipo de palmito amargo - deve ser limpa e cortada na água com sal e limão, para que não fique escura e o pequi deve ser bem alaranjado pois é sinal que está maduro, o que realça o seu sabor. Para fazer o frango caipira é necessário cortá-lo em pedaços e temperá-lo, em seguida jogue na gordura quente, não precisa ser muito e vá fritando. Na medida que vai dourando e grudando no fundo da panela coloque água aos poucos, esse processo é demorado, mas é fundamental para dourar o frango e cozinhá-lo ao mesmo tempo. Depois de frito, retire o excesso da gordura e coloque o açafrão na gordura que sobrou na panela. Uma dica muito importante é diluir o açafrão na gordura para que solte a cor e o sabor, só depois acrescente a água para terminar de cozinhar e fazer o caldo. Feito isso, é só corrigir o sal se necessário, assim que tiver cozido desligue o fogo e acrescente o cheiro verde picadinho. Para o preparo da gueroba você vai precisar de uma cabeça de gueroba já limpa, uma salmoura feita com limão e sal e temperos. Inicie cortando a gueiroba em fatias bem fininhas e deixe-as na salmoura enquanto termina de cortar o resto. Em uma panela coloque a gordura junto com os temperos, alho, sal e pimenta, refogue assim que o alho tiver dourado. Coloque a água e deixe ferver por último acrescente a gueroba já lavada da salmoura. Tampe a panela e deixe cozinhar, o ponto de cozimento varia bastante mas ela deve está bem macia quando morder. Por último, vamos ensinar como fazer o arroz com pequi que também é sucesso no dia de Natal. Para fazer é necessário um litro de pequi sem casca, lavado e escorrido. O modo de fazer é bem simples é só refogá-lo junto com o arroz como de costume, a quantidade de pequi é você que escolhe. Como ele tem o gosto muito forte você pode colocar bem pouco. Por último é só fatia o queijo de cabacinha e colocar por cima do arroz, desligue o fogo e o queijo derreterá com o vapor que fica dentro da panela. Fica maravilhoso. Se você gostou dos pratos apresentados nesta matéria e deseja acrescenta-los nas refeições de final de ano ou até mesmo fazê-los em uma simples refeição do dia a dia, listamos o preço médio de cada ingrediente necessário. Você pode encontrar todos os itens na feira popular de Alto Araguaia, realizada todas as quartas-feiras das 17h às 22h e todo o domingo a partir das 6h. Confira os preços aproximados: Frango caipira: de R$ 30 a R$ 35; Gueroba unidade: R$ 20 a R$ 25; Pequi (litro): R$ 8 a R$ 12; Queijo cabacinha (peça): R$ 10 a R$15.

Gueroba e Pequi: iguarias do Cerrado A gueroba (nome científico: Syagrus oleracea) é uma palmeira do bioma Cerrado, mas pode ser encontrada em outras regiões do país. Também é conhecida como gueiroba, gariroba, gairoba, jaguaroba, catolé, pati, pati-amargosa, coqueiro-amargoso e palmito-amargoso. A palmeira de caule fino e reto, adaptada a regiões de clima quente, chega a atingir até 20 metros de altura. Tem folhas e flores em cachos e dá frutos entre os meses de junho a janeiro. Para retirar o palmito é necessário cortar a palmeira, que não se regenera, ou seja, a planta morre assim que retira o palmito de gueiroba. O pequi (nome científico: Caryocar brasiliense) é um fruto típico do Cerrado, cuja nomenclatura vem do Tupi e significa “pele espinhenta”. O pequizeiro é uma árvore de copa frondosa que pode chegar a 12 metros de altura. Suas folhas são grandes e seu fruto possui o tamanho de uma maçã e a casca verde. No seu interior, existe um caroço revestido por uma polpa comestível macia e amarela. Embaixo da polpa há uma camada de espinhos muito finos, por isso ao roer o pequi cozido, é preciso ter muito cuidado. Fonte: http://www.cerratinga.org.br Reportagem publicada na 6ª edição do Jornal JÁ - Dezembro de 2016.

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