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Procura por imóveis de aluguel despenca na cidade


Definitivamente, Alto Araguaia vive um momento econômico ruim. E o número significativo de casas com placas de “aluga-se” denuncia isso. Há cerca de dois anos, era difícil encontrar uma residência para alugar no município. Naquela época, a demanda era tão alta, que a maioria dos proprietários nem precisava usar placas anunciando o aluguel de imóveis. Era necessária muita persistência e troca de informações no boca a boca, até localizar uma casa disponível. Só que agora, a realidade é bem diferente. Alguns exemplos comprovam isso.

Na rua Jerônimo Samita Maia, um quarteirão após a feira livre municipal, em direção a Alto Taquari, quatro casas estão com placas de “aluga-se”, quase uma do lado da outra, duas delas há mais de três meses. Uma quadra depois, na Rua Antonio Aires Fávero, praticamente em frente à Secretária Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, um cavalete na calçada informa o aluguel de outra residência.

Na Avenida Carlos Hugueney, próxima ao Banco do Brasil, um prédio comercial está fechado há quatro meses. Mais uma vez o anúncio de “aluga-se” aparece em uma placa pendurada na porta e até pintado nas janelas do estabelecimento. Trata-se de uma área muito cobiçada por comerciantes no passado, que precisavam de sorte para conseguir um imóvel na região central da cidade.

Telma Echivarria, 45 anos, proprietária do imóvel comercial, disse que os dois últimos inquilinos que alugaram o prédio romperam o contrato por causa da queda nas vendas do seu comércio. Ela acredita que isso aconteceu em razão da crise econômica enfrentada pelo país, combinada com a redução das operações do Terminal Ferroviário de Alto Araguaia.

“Ficou difícil para o comerciante manter o aluguel de um espaço (físico). Na minha opinião, isso é resultado, em parte, da diminuição das operações do Terminal, mas principalmente por causa da crise econômica no Brasil. Digo isso porque mesmo com o problema do Terminal, o aluguel ainda se manteve (estável) em Alto Araguaia e só piorou depois da crise. Agora as duas coisas se juntaram.”, opina Telma.

Não existem estatísticas oficiais sobre o preço médio do aluguel e nem mesmo sobre o número de imóveis alugados em Santa Rita do Araguaia e Alto Araguaia. Contudo, sondagens mostram que o valor médio do aluguel tem diminuído, devido a baixa procura nas duas cidades.

O proprietário de uma das casas localizadas na rua Jerônimo Samita Maia, disse que já reduziu em 20% o valor do aluguel, mas ainda continua com a residência fechada há mais de três meses. Ele pediu para que seu nome não fosse informado, temendo prejuízos financeiros, mas conforme explica, a crise econômica e a diminuição dos postos de trabalho são as principais causas da queda na procura por casas de aluguel.

“Tem menos gente na cidade, já que as pessoas estão indo embora, por falta de emprego. As obras por aqui, como no caso da Schain (responsável pela construção de linhas de transmissão de energia elétrica de Rondonópolis-MT a Serranópolis-GO), acabaram. O movimento no Terminal (Ferroviário) também diminuiu. Com isso, já tem um ano que o aluguel caiu por aqui”, defende o proprietário.

Já o bilheteiro Célio Cabianca, 26 anos, conta que conseguiu financiar a casa própria em Santa Rita do Araguaia, há um ano e nove meses. Antes, ele morava de aluguel. Para ele, os preços pagos na locação de uma casa eram muitos altos em Alto Araguaia. “O preço tem que cair mesmo. Estavam ‘estuprando’ o povo araguaiense, que largou de ser besta e financiou sua própria casa, pois com o preço do aluguel dava para pagar a prestação de uma casa e de um carro por mês”, comenta o bilheteiro.

Esse é o mesmo pensamento da agente de endemias, Geisla Cristiane, 35 anos. Ela tem casa própria, mas vai além, ao afirmar que os preços do aluguel praticados em Alto Araguaia ainda continuam elevados, mesmo com a crise econômica. “Como trabalho de agente de endemias, estou sempre vendo casas e preços de aluguel. Na maioria das vezes, observo que os valores são muitos elevados. E mesmo tendo muitas casas fechadas, dificilmente os proprietários abaixam o valor”, comenta Geisla.

E as quedas não se restringem apenas ao aluguel. A venda de casas e terrenos também diminuiu. De acordo com o corretor de imóveis, Amadeus Niedermayer, de 77 anos. “A venda vem caindo bastante há pelo menos três anos. As firmas, como a Schain e lá no Terminal, foram embora e muitas pessoas acabaram despachadas (demitidas). Ai os negócios diminuem mesmo”, explica Amadeus.

Para o proprietário da casa situada na rua Jerônimo Samita Maia, o município tem que atrair novas empresas para Alto Araguaia, gerando com isso mais empregos diretos e indiretos, o que vai reaquecer novamente o mercado imobiliário.

Reportagem publicada na 3ª edição do Jornal JÁ - Outubro de 2015.

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